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20 de setembro de 2011

HISTÓRIA DO ESPIRITISMO - ÁUDIO LIVRO ESPÍRITA


HISTÓRIA DO ESPIRITISMO
ARTHUR CONAN DOYLER

"História do Espiritismo" pode ser considerado o mais completo documento histórico, reunido em um único volume, sobre o nascimento e expansão do Espiritismo, até à época do seu lançamento.
Nenhuma obra retrata a história do Espiritismo com tamanha riqueza de detalhes e sobretudo fidelidade aos fatos narrados.
O autor foi presidente de Honra da Federação Espírita Internacional, Presidente da Aliança Espírita de Londres e Presidente do Colégio Britânico de Ciências Psíquicas, nos séculos XIX e XX. Usou de toda a sua experiência pessoal e trabalho de pesquisa para redigir este precioso volume.
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Link

NOVA HISTÓRIA DO ESPIRITISMO


  As razões dessa história


Galeria de Valois, no Palais Royal, local de lançamento de 

O Livros dos Espíritos em 1857.


Por que o Espiritismo praticamente desapareceu na 
França e se expandiu tanto no Brasil?
Sendo um movimento que teve tanta repercussão 
em sua época e nas décadas seguintes, por 
que é sistematicamente ignorado pela 
historiografia contemporânea?
Por que o Espiritismo não é citado nem 
reconhecido como um dos capítulos mais críticos 
da história do Cristianismo?
Como explicar tantas diferenças de concepção 
doutrinária e múltiplas tendências no Movimento
Espírita?
Quais são as raízes ideológicas do Espiritismo e 
por que a doutrina ainda sofre tantas resistências 
no seu aspecto moral, inclusive entre os espíritas?
Que nomes são verdadeiramente significativos e 
inovadores na História do Movimento Espírita?
Discutir e tentar responder essas perguntas são os
 principais objetivos deste livro, não 
economizando para tanto, argumentos, fatos e 
uma vasta documentação histórica.
Desde 1926, com a publicação do clássico 
The History of Spiritualism, de Sir Artur Conan 
Doyle, não tínhamos um relato tão amplo e atualizado 
sobre os eventos históricos do Espiritismo e 
das intensas transformações ocorridas no
 Movimento Espírita após o desencarne de
 Allan Kardec, em 1869.

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4 de junho de 2011

Por que sou Espírita

Porque eu sou Espírita?
Sou espírita porque há mais de 30 anos leio e estudo o Espiritismo e não encontro defeitos.
Sou espírita porque apenas o espiritismo responde com tanta clareza porque uns nascem bonitos, perfeitos, ricos, inteligentes e com tantos predicados, ao passo que outros nascem deficientes, pobres, e passam por uma existência de dificuldades.
Sou espírita porque a evolução através das múltiplas encarnações é a explicação mais lógica e racional que pude encontrar ao longo da minha existência.
Sou espírita porque o espiritismo é ciência, filosofia e religião, que nos explica de onde vimos, para onde vamos e qual o objetivo da nossa existência.
Sou espírita porque reconheço no Espiritismo a terceira revelação que veio libertar o homem da ignorância, dos dogmas e das mentiras advogadas em detrimento de interesses dos homens. Sou espírita porque reconheço em Kardec, em Bezerra de Menezes, em Chico Xavier e em tantos outros os verdadeiros discípulos do Cristo.
Sou espírita porque o Livro dos Espíritos nos dá resposta às nossas perguntas.
Sou espírita porque o Evangelho Segundo o Espiritismo nos passa a verdadeira moral Cristã.
Sou espírita porque o Livro dos Médiuns nos esclarece sobre a comunicação entre encarnados e desencarnados.
Sou espírita porque reconheço nessa doutrina a verdadeira mensagem do que o Cristo nos passou através do Espírito da verdade e através dos seus enviados.
Sou espírita porque Deus no dia do "juizo final" jamais mandaria uma mãe para o paraíso e o filho para o fogo eterno do inferno, como essa mãe se sentiria?
Sou espírita por tudo isso, e porque nesse momento ao escrever esse pequeno texto, sinto a companhia dos espíritos amigos confirmando essa gota de verdade, todo o restante, um oceano inteiro de verdades se encontra na Doutrina Espírita. Conheça o espiritismo, leia Kardec e conheça a verdadeira luz que o Cristo nos deixou.

3 de maio de 2011

CASAMENTO ESPÍRITA?

(Matéria em atendimento a alguns leitores...)


Em um casamento espírita só há cerimônia civil; não há cerimônia religiosa. E nenhum centro espírita ou sociedade verdadeiramente espírita  realiza casamentos, pois o Espiritismo não instituiu sacramentos, rituais ou dogmas. No local escolhido para realizar a cerimônia civil, uma prece poderá ser feita por um familiar dos noivos (não é preciso convidar um presidente de centro, um orador espírita, um médium, nem é preciso que um espírito se comunique para “DAR A BÊNÇÃO”). De preferência, que seja tudo simples, sem exageros, excessos e desperdícios. Deve haver intensa participação espiritual dos noivos, dos familiares e convidados, assim como há dos amigos desencarnados. Os noivos que forem verdadeiramente espíritas devem saber como se casar perante a sociedade e a espiritualidade, respeitando as convicções dos familiares “não espíritas”, mas tentando fazer prevalecer as suas. Porque o espírita precisa ajudar a renovação das idéias religiosas e não conseguirá isso, se ocultar sempre o que já conhece e se ceder sempre aos costumes religiosos tradicionais. Além do que, o espírita tem o direito de não ficar preso às fórmulas religiosas que nada mais lhe significam.



O QUE UMA PESSOA ESPÍRITA DEVE FAZER QUANDO O PAR ESCOLHIDO FOR DE OUTRA RELIGIÃO? Parece-nos que deverá logo na fase de namoro, buscar o entendimento religioso com o futuro cônjuge; se houver possibilidade, traze-lo ao entendimento espírita; não havendo essa possibilidade, analisar se apesar da divergência religiosa, levará ao casamento. Se a resposta for positiva, então o(a) espírita se defrontará com a questão da forma ou maneira de realizar esse casamento. 
Quando o(a) parceiro(a) não-espírita tiver sincero fervor na religião que professa, a ponto de sentir-se “EM PECADO” e com traumas morais sem a cerimônia que o seu credo estabelece, parece-nos que o(a) espírita (que está mais livre de injunções dogmáticas) poderá aceitar a forma externa do casamento segundo o costume da religião do seu cônjuge. Que “pecado” poderá haver, do ponto de vista espiritual, em comparecermos a uma igreja qualquer e partilharmos de uma prece, feita ela deste ou daquele modo? Esta tolerância, porém, tem seus limites.
 Só se justifica diante de uma verdadeira necessidade espiritual do(a) parceiro(a) e não quando ele(a) for apenas um(a) religioso(a) de rótulo (religioso não-praticante), por convenção social ou quando a exigência é feita pela família dos noivos, sem qualquer necessidade espiritual destes. Também não irá a tolerância chegar ao ponto de o(a) espírita aceitar os sacramentos individuais (batismo, confissão, comunhão) para a realização da cerimônia. Somos livres para acompanhar o(a) cônjuge à cerimônia indispensável para ele(a), mas, também, somos livres para não aceitar imposições pessoais, a que só com hipocrisia poderíamos atender. Caberá a outra parte conseguir a dispensa dos sacramentos individuais para o(a) espírita. 


O QUE SIGNIFICA O CASAMENTO PARA O ESPÍRITA?
 Para os espíritas, casamento é mais que uma simples cerimônia, ele é visto como: UM PROGRESSO NA MARCHA DA HUMANIDADE, representando um estado superior ao da natureza em que vivem os animais. Um exemplo é a eliminação do egoísmo. O que antes dizíamos “meu quarto”, “minhas coisas”, depois de casados dizemos “nosso quarto”, “nossas coisas”; UMA UNIÃO NÃO DEVE SER APENAS FÍSICA OU MATERIAL (por beleza, atração sexual ou interesse financeiro, já que estes podem diminuir ou acabar), mas de caráter e implicações espirituais, pois: ATENDE À AFINIDADE (que unem os semelhantes pelos gostos, pelo modo de pensar, etc.); A EXPIAÇÕES, uniões para resgatar ou corrigir erros cometidos, a maioria ocorrem por afinidade ou sob a orientação dos mentores mais elevados (caso os Espíritos reencarnantes não estejam habilitados para esta escolha) ou A MISSÕES (uniões que regeneram e santificam). RESULTA DE RESOLUÇÕES TOMADAS NO PLANO ESPIRITUAL (antes da encarnação), livremente escolhidas e assumidas (caso os Espíritos reencarnantes já saibam e possam fazê-lo). ALLAN KARDEC propôs aos Espíritos a seguinte questão: - "Será contrário à lei da Natureza o casamento?" Eles responderam: "É um progresso na marcha da Humanidade". Sua abolição seria regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes. Em outro item do mesmo livro Kardec anotou: "A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade" (O Livro dos Espíritos, 695, 696 e 701). Segundo os Espíritos, há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. "Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos." O relaxamento dos laços de família traria como resultado a recrudescência do egoísmo (cf. O Livro dos Espíritos, 774 e 775). Allan Kardec, examinando o tema em outra obra, assim escreveu: "Na união dos sexos, de par com a lei material e divina, comum a todos os seres viventes, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral - a Lei do amor. Quis Deus que os seres se unissem, não só pelos laços carnais, como pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se transmitisse aos filhos, e que fossem dois, em vez de um, a amá-los, cuidar deles e auxiliá-los no progresso" (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 22, item 3).Portanto, o espírita, que estuda e busca entender a doutrina dos espíritos, sabe que a orientação é começarmos a nos desvencilhar da materialidade. O empenho maior não deve ser com a cerimônia, mas sim com os compromissos conjugais do dia-a-dia, que envolve a responsabilidade de ambos com a educação dos filhos que Deus os confiar. Quando entendermos que Deus abençoa toda união, com ou sem cerimônia religiosa, nossa preocupação será convidar Jesus para viver em nosso lar. Não em quadros, crucifixos ou imagens, mas aplicando SEUS ensinamentos todos os dias, como: "FAZER AO OUTRO O QUE GOSTARÍAMOS QUE ESTE OUTRO NOS FIZÉSSE." Exemplo: Se não gostamos de ser traídos, não trairemos; se queremos tolerância com nossas falhas, seremos tolerantes com a falha do outro, etc. Só assim, a união será duradoura e passará pela riqueza e pobreza, saúde e doença, alegria e tristeza até que a morte (do corpo) nos separe "TEMPORARIAMENTE".

2 de maio de 2011

ESPIRITISMO DE "A" a "Z"

Divulgadores do Espiritismo, trabalhadores, dirigentes de Casas Espíritas, coordenadores, instrutores ou mais atualmente, facilitadores, estudantes de Cursos da Doutrina Espírita almejam contar com uma ajuda eficiente e segura para consulta que facilite a pesquisa nas inúmeras obras espíritas já publicadas.
O Espiritismo de A a Z, é uma ferramenta desenvolvida pela FEB, que permite a consulta de informações contidas em 310  obras espíritas publicadas pela FEB, criteriosamente selecionadas.
Disponibiliza 2.162 vocábulos e, aproximadamente, 10.000 definições e conceitos que ilustrarão seus trabalhos escritos e orais.
No vocábulo Jesus, por exemplo, você encontrará 129 informações; no vocábulo Espírito, 118; em Deus, 97; em Mediunidade, 94; Perispírito, 93; Reencarnação, 62...
Os textos oferecidos foram criteriosamente avaliados, no sentido de assegurar a sua importância no universo das informações do Espiritismo, codificado por Allan Kardec.


COMO PESQUISAR:
Comece selecionando no Menu Alfabético na Barra Superior, depois navegue pelos vocábulos na Barra Lateral Direita, escolha o objeto de sua pesquisa e clique sobre ele, leia as definições e conceitos na Janela principal. É possivel, também, fazer uma busca por palavras no campo PROCURA POR TERMO.

LINKS DISPONÍVEIS PARA PESQUISA:

Vocábulos e Conceitos nas 310 obras

Pesquisa direta na Revista

Obras Espíritas de dificil acesso atualmente.
Busca por autor, titulo, ano de publicação e médium.

Pesquisa de fontes para elaboração de trabalhos, aulas e palestras.

Pesquisa nos artigos, matérias e conceitos do Informativo da FEB, apenas digite no campo de pesquisa o assunto.

19 de abril de 2011

Os Bastidores de O Livro dos Espíritos

Em um pequeno ensaio, saiba como um professor de ciências, pedagogo e filósofo, investigou as mensagens dos espíritos para codificar a Doutrina Espírita, na Paris do século 19.

Na sala principal de uma mansão em Paris, um grupo de senhores elegantes observa em silêncio a garota de 14 anos. Julie Baudin está sentada em frente a uma mesa redonda e segura um estranho objeto - uma cesta com um lápis encaixado na borda, que risca letras em espiral. Cada palavra é analisada atentamente por um dos homens. A garota parece não saber por que os adultos olham para ela tão concentrados - volta e meia ela ri e faz algum comentário engraçado. Suas mãos, porém, desenham no papel frases que em poucos meses irão fundar uma religião: o espiritismo.
Publicado pela primeira vez em 1857, o Livro dos Espíritos foi organizado em cerca de 20 meses pelo professor francês Allan Kardec, que coordenou longas reuniões com médiuns, fazendo perguntas a eles e colhendo respostas que acreditava vir dos espíritos. Dos vários médiuns que contribuíram para o livro, 3 garotas se destacam. Julie e Caroline Baudin, de 15 e 18 anos, e Ruth Japhet, de 20. Organizando as respostas para 501 perguntas sobre o Universo, Kardec criou a doutrina e visão de mundo do espiritismo, fazendo dele muito mais que uma diversão da burguesia parisiense.
Na época, os fenômenos mediúnicos serviam como passatempo nos salões de Paris, que começava a ganhar ares cosmopolitas. A partir de 1850, a cidade passou por uma grande reforma. Ruelas medievais e casebres deram lugar a avenidas largas e bulevares que convergiam no Arco do Triunfo, símbolo da força da modernidade e da nova burguesia francesa. Com novos parques, a cidade se preparava para virar o século como a Cidade das Luzes. Era tempo de revolução industrial e descobertas científicas, que tornavam o homem capaz de explicar e interferir nos fenômenos ao seu redor. Ou em quase todos.
Porque no meio de toda essa modernidade, as mesas girantes eram uma febre que assolava a Paris de 1850. Eram comuns as reuniões em salões culturais ou mansões de senhoras da sociedade, nos quais as pessoas iam para girar mesas apenas com o poder da concentração. "Toda a Europa tem o espírito voltado para uma experiência que consiste em fazer girar uma mesa", afirmou o jornal L'Illustration do dia 14 de maio de 1853. "Ide por aqui, ide por ali, nos grandes salões, nas mais humildes mansardas, no atelier do pintor - e vereis pessoas gravemente assentadas em torno de uma mesa vazia, que elas contemplam à semelhança daqueles crentes que passam a vida a olhar seus umbigos." Nas reuniões, havia poetas, intelectuais e nobres. O poeta Victor Hugo era freqüentador assíduo das reuniões e chegou a escrever que "negar a atenção a que tem direito o espiritismo é desviar a atenção da verdade".
Numa noite de maio de 1855, a reunião das mesas girantes aconteceu na casa de uma senhora chamada Plainemaison. Uma das pessoas que compareceu à reunião foi Hippolyte Léon Denizard Rivail, um professor de ciências de 50 anos. Mais tarde, ele contaria como a visita o deixou impressionado. As mesas, segundo ele, não só giravam como batiam no chão e se moviam "em condições que não deixam margem a qualquer dúvida". A reunião na casa da sra. Plainemaison deixou Rivail aturdido. "Entrevi naquelas aparentes futilidades, no passatempo que faziam daqueles fenômenos, qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim investigar a fundo", escreveria o professor, anos depois.

Começam as sessões

Rivail passou meses observando o fenômeno naquela e em outras casas da cidade, como a dos Boudin, que tinham duas filhas que acreditavam ser médiuns. O mais estarrecedor era que as mesas pareciam não só rodar como também falar. Isso mesmo: pareciam indicar letras com pancadas no chão e, quando interrogadas, moviam-se para a direita ou esquerda, tentando comunicar "sim" ou "não". "Se as pessoas viam o fenômeno como uma diversão, Rivail ia às reuniões de mesas girantes como um cientista. Fazia perguntas sérias e anotava as respostas que obtinha", diz o médium e jornalista Jorge Rizzini. Em abril de 1856, 11 meses depois da primeira visita a uma daquelas reuniões, a mensagem da mesa perturbou ainda mais aquele professor de ciências. Um espírito teria escolhido Rivail para reunir e publicar os ensinamentos que ele obtinha nas mesas. Rivail não acreditou e pediu que o espírito repetisse a mensagem. "Confirmo o que foi dito, mas recomendo discrição, se quiser se sair bem. Tomará mais tarde conhecimento de coisas que agora o surpreendem", foi a mensagem que ele recebeu como resposta.
Assim o trabalho começou. Todas as terças-feiras, Rivail freqüentava a casa da senhora Boudin. Julie, a moça de 14 anos, e sua irmã Caroline, de 16, psicografaram quase todas as questões do Livro dos Espíritos. Como a identidade das duas foi mantida em segredo por muitos anos, sabe-se pouco sobre elas. O que se sabe é que Julie era uma médium passiva, inconsciente do que escrevia. Somente achava divertido as pessoas lhe darem tanta importância. As reuniões, dirigidas pelos pais delas, não eram secretas, mas restritas a poucos convidados. Para escrever as mensagens, Julie e Caroline usavam uma cesta-de-bico, feita de vime, com 15 a 20 centímetros de diâmetro e uma espécie de bico com um lápis na ponta. "Pondo o médium os dedos na borda da cesta, o aparelho todo se agita e o lápis começa a escrever", contou Kardec em O Livro dos Médiuns. Com o tempo, as garotas passaram a usar a psicografia direta, mesmo método usado mais tarde pelo brasileiro Chico Xavier.
Diante delas, Rivail fazia perguntas que nós, mortais, sempre quisemos fazer a quem passa pela morte e volta para contar. A 4ª pergunta do Livro dos Espíritos, por exemplo, é "Poderíamos dizer que Deus é infinito?" E a resposta: "Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir coisas acima de sua inteligência". A 150ª é "A alma, após a morte, conserva sua individualidade? Sim, nunca a perde. O que seria ela se não a conservasse?"
As respostas que Caroline e Julie psicografavam eram revistas, analisadas e muitas vezes comparadas a outras mensagens. Na fase de revisão, a médium que mais contribuiu foi Ruth Japhet, uma médium sonâmbula que tinha mais de 50 cadernos com mensagens que psicografava à noite. Para Rivail, a revisão era necessária, primeiro, por causa da dificuldade em se entender o que os espíritos diziam. Segundo, porque, para ele, os espíritos não eram donos de toda a sabedoria do Universo. "Um dos primeiros resultados das minhas observações foi que os espíritos, não sendo senão as almas dos homens, não tinham nem a soberana sabedoria nem a soberana ciência; que seu saber era limitado ao grau de adiantamento; e que a opinião deles não tinha senão o valor de uma opinião pessoal", escreveu ele em O Livro dos Médiuns. Por isso, Kardec afirmava que muitas mensagens de entidades eram ignoradas, ou por terem gracejos ofensivos ou por não fazerem sentido. Também por esse motivo, quanto mais médiuns participassem da composição do livro, melhor. Segundo ele, mais de 10 deles contribuíram na 1ª edição da obra.
Quando Rivail acabou de editar as perguntas, surgiu um problema: qual seria o título e quem deveria assinar a obra? Como não se considerava autor, e sim um organizador, deu o nome óbvio: O Livro dos Espíritos. Mas alguém precisava assiná-lo. "Rivail consultou os espíritos e uma entidade deu a ele o nome de Allan Kardec, porque esse tinha sido o nome que ele teve numa vida passada, como um sacerdote druida." Assim surgiu o nome do pai do espiritismo.
Em 18 de abril de 1857, os primeiros exemplares sairiam da Tipografia de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, cidade vizinha a Paris. O livro rapidamente correu o mundo e criou polêmica, provocando protestos de padres e cientistas céticos, mas atraindo a atenção de outros médiuns, que entraram em contato com Kardec. Allan Kardec viu que seu trabalho ainda não estava terminado. Eram tantas novas revelações que ele decidiu revisar mais uma vez e estender o livro. A 2ª edição, definitiva, contém 1 019 perguntas. A última delas é "O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?" Parte da resposta é: "O bem reinará na Terra quando, entre os espíritos que vêm habitá-la, os bons predominarem sobre os maus; então eles farão reinar na Terra o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade". Estava criado o livro e, com ele, a Doutrina Espírita.

Fonte: Revista Superinteressante

11 de abril de 2011

O Espiritismo, a comunicação e a internet




"A missão do Espiritismo é transformar o homem, para que o mundo se transforme"

Sabemos que a evolução acontece através das experiências que vivemos, através dos relacionamentos, da troca de idéias e informações e dos meios de divulgação das idéias.
A divulgação do Espiritismo nos tempos atuais é extremamente importante. O Espiritismo precisa se expandir e conquistar o mundo. Cada um de nós pode contribuir, dentro de suas possibilidades, difundindo a mensagem espírita para a humanidade encarnada, numa chamada de consciência para que o homem alcance horizontes mais altos.
Como divulgar? Através da comunicação.
Essa é a dinâmica para o desenvolvimento e a evolução dos povos, da sociedade, do homem.
No passado, a comunicação se fazia através dos sinais de fumaça (150 a.C.) ou através dos sons dos tambores e, por muito tempo, ficou limitada aos meios de transporte.
Na evolução do processo da comunicação no planeta, não podemos deixar de citar alguns espíritos que vieram, com essa clara missão. Dentre eles, destaco Cândido Mariano da Silva Rondon, Marechal Rondon, denominado "Patrono das Comunicações". Nasceu em 1865 e desencarnou em 1958 e foi um dos pioneiros das comunicações no Brasil, no seu mais amplo sentido de integração nacional.

Quando se fala na origem das comunicações no Brasil, nos ligamos à figura histórica do Imperador Dom Pedro II. Ele foi o responsável pelos primeiros cabos submarinos, interligando cidades do nosso país e o nosso país à Europa. Foi D. Pedro II que determinou a instalação das primeiras linhas telefônicas no Brasil e, em 1889, quando do final do Império, o Brasil era destaque dentre os países dotados de expressiva malha de telecomunicações

A primeira transmissão da voz humana, sem fio, ou seja pela irradiação de uma onda eletromagnética modulada com  um sinal de áudio, foi realizada pelo  Padre Landell de MouraA transmissão e a detecção do sinal foi realizada em Junho de 1900, entre o bairro de Santana e a Avenida Paulista, numa distância de aproximadamente 8 quilômetros.
Naquela época já existia na comunicação por meios elétricos, o telegrafo por fios, invenção consignada a Samuel Morse (1837), o telefone com fio, de Graham Bell  (1876) e a radiotelegrafia de Guglielmo Marconi (1895).
O Padre Landell, aqui no Brasil,  escreve ao Presidente da República, Rodrigues Alves, solicitando dois navios para demonstrar suas invenções. Um assessor do governo o procurou e Padre Landell informou que desejava a maior distância possível entre os navios, e isto naquele momento, por que no futuro, quando aperfeiçoasse os seus aparelhos, serviriam até para comunicações interplanetárias. Mais uma vez o Padre Landell foi julgado louco - "E ainda por cima é espírita", diziam - embora hoje se saiba que sua afirmação não estava destituída de fundamento.

No Brasil, um dos países pioneiros no setor, a radiodifusão comercial iniciou-se em 1919.  A primeira transmissão radiofônica oficial brasileira ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 7 de setembro de 1922, na comemoração do centenário da Independência do Brasil, transmitindo o discurso do Presidente Epitácio Pessoa. Roquette Pinto manifestava, emocionado, o sucesso do novo invento:


"Todos os lares espalhados pelo imenso território brasileiro receberão, livremente, o conforto moral da ciência e da arte. A Paz será realidade entre as nações.

Tudo isso há de ser o milagre das ondas misteriosas que transportarão no espaço, silenciosamente, as harmonias".

Assis Chateaubriand, espírito pioneiro e empreendedor, amante das comunicações, construiu uma vasta cadeia de jornais e emissoras de rádio, espalhadas pelo Brasil e foi quem determinou a importação dos primeiros equipamentos de geração de TV, destinados a implantar duas emissoras no ano de 1950. No dia 18 de setembro de 1950 era inaugurada em São Paulo, a primeira estação de Televisão brasileira: PRF-3TV. 

Aqui, citamos apenas alguns dos espíritos encarregados de expandir a comunicação no país e no planeta. A história nos comprova a existência de inúmeras almas encarregadas dessa nobre missão...


A Era da Internet

"Com a terra lavrada, a semente já pode ser plantada!"

A Internet é uma rede mundial de computadores que não pertence a nenhum governo ou empresa. Surgiu nos Estados Unidos na década de 60, para atender à necessidade militar de defender o país no caso de um ataque nuclear. Em 1975 foram feitas as primeiras ligações internacionais. Surge então a expressão ciberespaço, que significa espaço virtual e sem fronteiras.
A Internet hoje, apenas 51 anos depois de seu aparecimento, é maior rede mundial de comunicação, interligando computadores de grande, médio e pequeno porte e uma gama variada de pessoas com interesses em negócios, pesquisa, marketing, lazer, comunicação, turismo, propaganda, cultura, religião e tantas outras áreas quanto se possa imaginar. No Brasil, pesquisas realizadas em agosto de 1999, apontam mais de 8 milhões de usuários, ou seja, a comunidade virtual seria a segunda maior cidade do nosso País. Devido ao baixo custo de acesso, há uma demanda potencial para que esse número continue crescendo aceleradamente, estando em cada lar que disponha de uma linha telefônica e de um microcomputador. Também segundo pesquisas, a cada 20 minutos são criadas 4 mil Home Pages no mundo.

Hoje é possível ouvir rádio, assistir TV, ler livros, jornais, revistas, interagir em tempo real com os acontecimentos, participar efetivamente, enviando sugestões, opiniões, cartas, telefonemas, emails, reunindo grupos afins, participando de palestras, conversando com pessoas residentes em outros países. Se não fosse a Internet isso  jamais seria possível.

Desde sua implantação foram os próprios usuários que inventaram novos recursos e novas aplicações e, felizmente, dentre eles, muitos espíritas determinados a divulgar a Doutrina codificada por Allan Kardec. Atualmente o número de sites espíritas é muito grande e presente em quase todos os países do Globo.
É evidente que a internet pode e deve, como vem fazendo na divulgação do Espiritismo, ser um instrumento de real valor na difusão das idéias Espíritas, mas desde que trabalhem as mensagens, comentários e assuntos sobre a ótica de Kardec, atentando principalmente para os princípios éticos e morais da Doutrina dos Espíritos
As atividades espíritas na Internet são, entre outras:
    • divulgação da Doutrina Espírita
    • estudo e esclarecimento doutrinário
    • estudos programados (cursos)
    • palestras virtuais
    • reuniões virtuais
    • orações com fundo musical
    • livros Espíritas virtuais
    • boletins e jornais eletrônicos
    • programa de rádio
    • criação de laços de amizade
Algumas experiências vem sendo feitas com bom aproveitamento via Internet em nosso país. É o caso da ABRADE – Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo e do IPEPE – Instituto de Intercâmbio do Pensamento Espírita de Pernambuco, cujas reuniões acontecem virtualmente.
Estamos ligados ao mundo e quem sabe num breve futuro, estaremos ligados ao Universo, como profetizou o Padre Landell. Cada um de nós, "plugado" nesse ciberespaço, pode contribuir para que o progresso moral se aproxime do grande progresso tecnológico que se processa.

"A difusão espírita é justamente o esforço no qual todos os 
homens de boa vontade devem estar engajados" (Cairbar Schutel)


"O Espiritismo será o que o fizerem os homens." - Leon Denis

A Internet é o que cada pessoa quiser que ela seja.

Fontes consultadas:
http://www.bn.com.br/radios-antigos/frame4.htm
http://www.mec.gov.br

6 de abril de 2011

O QUE É O CEI?

Conselho Espírita Internacional

Constituído em 28 de novembro de 1992, é o organismo resultante da união, em âmbito mundial, das Associações Representativas dos Movimentos Espíritas Nacionais.

Finalidades essenciais e objetivos:

Promover a união solidária e fraterna das Instituições Espíritas de todos os países e a unificação do Movimento Espírita mundial;
Promover o estudo e a difusão da Doutrina Espírita em seus três aspectos básicos: científico, filosófico e religioso;
Promover a prática da caridade espiritual, moral e material, à luz da Doutrina Espírita.

Fundamento Doutrinário:

As finalidades e objetivos do Conselho Espírita Internacional fundamentam-se na Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec e nas obras que, seguindo suas diretrizes, lhe são complementares e subsidiárias.


Conselho Espírita Internacional
Endereço: SGAN 909 - Modulo G - CEP 70690-090
Brasília - Brasil
Telefones: 55 61 3556-9104/3322-3024/3272-1701.

5 de abril de 2011

Os 85 anos de história da Federação Espírita do Rio Grande do Sul

1. Antecedentes históricos. Os primórdios do Espiritismo no Brasil e no Rio Grande do Sul.

Quando, em 1869, o grande missionário Allan Kardec desencarnara, o Espiritismo já se espalhara em várias direções pelo mundo. A França mantinha um movimento muito forte e operoso, sendo que Gabriel Dellane, Camille Flammarion e Leon Denis lhe seriam continuadores mais do que eficazes. A Espanha tinha um movimento pujante, e ali encontraremos na segunda metade do século XIX nomes de imortal grandeza para a Doutrina Espírita, dentre os quais poderíamos destacar Miguel Vives, Amália Domingos Soler e o próprio Angel Aguarod, que depois aportaria entre nós. Em outros países europeus o Espiritismo também aportara, como mostra o próprio Kardec, em sua correspondência mantida com quase todo o mundo civilizado.
Se até ali (final do século XIX) a Europa seria a maior potência mundial em cultura (a França em especial) e finanças (a Inglaterra), o novo século prepararia mudanças duras para aqueles povos. A intolerância, aliada à novas tecnologias, fez a guerra explodir na Europa de maneira incisiva, de forma quase constante e ininterrupta na primeira metade do século XX, aí incluídas as duas grandes guerras mundiais.
Talvez motivado também por isso, o fato é que o movimento espírita europeu seria alcançado por duro declínio nas primeiras décadas do século XX, por fatores vários. Mas a planta do Espiritismo já havia sido transmudada para o Brasil ainda na época em que Kardec era encarnado.
As últimas décadas do século XIX verão os primeiros grupos espíritas com grande força na então capital federal (Rio de Janeiro). A Doutrina era comentada e discutida pelos jornais e por intelectuais brasileiros Tanta divulgação e até um grande respeito pela maioria das instituições de então eram decorrentes de uma prática ferrenha da caridade, dos receituários e curas mediúnicas (tão procurados e em voga na época) e a própria racionalidade dos seus postulados, que tanto encantava vários intelectuais. É claro que havia muita crítica e descrédito ao Espiritismo, que sofria grandes combates já nesta época, seja por intelectuais, seja pelo Clero.
Por incrível que pareça, o nascente movimento espírita brasileiro já enfrentava os mesmos problemas de unificação que hoje defronta. Na tentativa de contornar essas dificuldades e unir as casas então existentes, eis que surge, em 1884, em pleno Império e antes mesmo da Abolição, a Federação Espírita Brasileira.
“Federação” porque congregava o conglomerado das casas espíritas brasileiras, embora inicialmente a unificação se daria apenas entre as casas fluminenses. Por certo, como o movimento ainda era incipiente, não se cogitava ainda da existência de federações estaduais, as quais certamente viriam a exigir uma “Confederação” (vale dizer, uma federação de federações) Espírita Brasileira. Mesmo com o surgimento posterior das federações estaduais, o nome Federação Espírita Brasileira permaneceu, seja pela tradição, seja pelo respeito conquistados.
Nesses primeiros momentos de unificação, a figura de Bezerra de Menezes, o “médico dos pobres”, político e deputado federal, será de incomparável grandeza, sendo que será o terceiro presidente da FEB, descarnando no cargo em 1900. Bezerra será considerado o “Kardec Brasileiro”, já que conseguira êxito na primeira grande unificação dos espíritas. E a FEB continuaria sua história até nossos dias.
As federações espíritas estaduais começam a surgir nos primeiros anos do século XX, sendo a do Amazonas (na época em grande apogeu econômico pelos seringais) uma das primeiras a surgir. No Rio Grande do Sul, entretanto, ainda haveria um grande caminho a trilhar até que as condições se fizessem propícias para tanto.
Nessa época, o Rio Grande do Sul é um Estado que atravessa grandes turbulências, em especial de ordem política e ideológica. Há muitas revoluções, muita dor e muito ódio. A política segue conturbada, sendo os conflitos resolvidos em sangue na maioria das vezes. Quase dez anos depois da criação da FEB estouraria no Estado a mais cruel das revoluções brasileiras: a Revolução Federalista, cujos efeitos espirituais ainda hoje podem ser sentidos nas reuniões mediúnicas. Esse cenário contrasta, e muito, com o Rio de Janeiro já bem mais civilizado. A intelectualidade aqui existente preocupa-se, na maioria das vezes, com as ideologias políticas sendo que a filosofia positivista encontrará grande expressão entre os políticos e governantes (em especial Julio de Castilhos e Borges de Medeiros).
Seriam necessárias ainda algumas décadas para que o Estado visse nascer sua Federação Espírita.

2. O Espiritismo nos chegou pelo mar.

Mas apesar de cenário tão adverso, o Espiritismo não deixou de aportar cedo no Rio Grande do Sul. Embora haja pouca documentação a respeito (como de resto, de toda a história do Espiritismo gaúcho), a tradição oral nos relata que em 1868 (ano anterior à desencarnação de Kardec) dois marinheiros espanhóis (como vimos, o Espiritismo espanhol atravessava grande fase) aportaram em São José do Norte, dando início à realização de sessões espíritas.
Médiuns e adeptos da Doutrina codificada por Kardec, logo sua atuação atraiu um número cada vez mais crescente de pessoas. Problematizados do corpo e do espírito, sofredores de todo tipo encontram consolo e orientação, saúde física, consolo e paz. Ocorrem fenômenos diversos, inclusive físicos e materializações. Estes, ao lado das predições premonitórias dos dois pioneiros, atraem ainda mais pessoas à sua presença.
É claro que nem tudo foram flores. Como sempre ocorre – ainda mais naquela época e dados os então fatores sócio-culturais de nosso Estado – a perseguição aos dois pioneiros faz-se implacável, em especial da mão de lideranças “cristãs”. Os dois são obrigados a fugir, indo encontrar refúgio inicialmente em Rio Grande e depois, após nova transferência forçada, em Pelotas.
A esses bravos pioneiros de quem a História não registrou maiores pormenores, atuando na região da hoje cidade de Rio Grande devemos sinceros louvores de gratidão.

3. “Sociedade Spirita Rio-Grandense”, 1887. Surgem as primeiras casas espíritas gaúchas.

Será na mesma cidade histórica de Rio Grande (então chamada cidade do “Rio Grande do Sul”) que se formará a primeira instituição espírita de nosso Estado. A ata de fundação da mesma anota a data de 25 de maio de 1887, tendo por primeiro presidente o Sr. Israel Correa da Silva (o qual presidiria a Federação Espírita do Rio Grande do Sul quase 40 anos depois, tendo sido seu terceiro presidente). A mesma ata dá por finalidade da associação “o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e sua aplicação às vivências morais, físicas, históricas e psicológicas”.
Em 1898, onze anos depois, surge em Rio Grande a “S.E. Allan Kardec”. Um pouco mais tarde (26/02/1901) na mesma cidade, nasce a S.E. Bezerra de Menezes.
Essas três instituições de Rio Grande, visando fortalecer-se pela união, congregando todos os espíritas do local, criaram, de 12 a 19 de março de 1903, a “Sociedade Espírita Kardecista”, que nascia da fusão das três entidades. Essa nova entidade, a “Sociedade Espírita Kardecista”, surgida em 1903, continua em funcionamento até hoje.
Antes disso, em 13 de julho de 1894, surgia em Porto Alegre o “Grupo Espírita Allan Kardec”, funcionando inicialmente à rua Duque de Caxias nº 254. Em 16 de janeiro de 1898 o grupo mudou de denominação, passando a se chamar “Sociedade Espírita Allan Kardec”, com o que se pode dizer que essa instituição, hoje com sede na Rua Andrade Neves nº 60, no centro de Porto Alegre, é a mais antiga instituição espírita gaúcha ainda em funcionamento. É claro que, sob outro prisma, se poderia dar esse título à hoje Sociedade Espírita Kardecista (sucessora da Sociedade Spirita Rio-Grandense), mas deixemos dissensões improdutivas à deriva.
Novos grupos começaram a se formar em Porto Alegre e outras regiões do Estado. E com a multiplicidade de grupos, se começou a pensar na necessidade de todos caminharem juntos, numa mesma direção. Enfim, se começou a pensar em Unificação entre os Espíritas.

4. A Unificação do Movimento Espírita Gaúcho. Surge a Federação Espírita do Rio Grande do Sul.

Não se tem um registro mais preciso de quem partiu a luta por unir todos os espíritas sob uma mesma instituição, ou seja, fundar uma federação espírita de âmbito estadual. Não se tem notícia de grandes dissensões entre as casas então existentes. Pelo contrário, elas eram poucas e suas lideranças se relacionavam bem e tinham uma relativa unidade de visão. Aliás, essa característica facilitará em muito os esforços para a criação da futura organização federativa.
O que a História registra é que Angel Aguarod, chegado ao Brasil em 1915, após fazer várias viagens pelo Estado, empreenderá uma verdadeira cruzada para unir todos os espíritas do Estado. Não se sabe exatamente se o que ele pretendia era unicamente fundar a federação, sendo mais certo que pretendia a união de todos, a fim de evitar discórdias e desvios, além de fortalecer a Doutrina como um todo. Um ou outro articulista inclusive atribui a Aguarod, de maneira um pouco açodada, a fundação da FERGS, quando foi ele apenas um dos fundadores e maiores entusiastas, tendo sido seu quarto presidente, em 1926. O que não se pode negar é que Aguarod teve fundamental participação nesse processo.
Isso nos faz imaginar, portanto, uma série de conversas, encontros, troca de idéias entre as lideranças espíritas locais sobre como a instrumentalizar essa Unificação, sendo a criação de uma federativa um dos caminhos mais óbvios, já que o Estado do Rio Grande do Sul era um dos poucos que ainda não haviam criado a sua entidade.
As articulações que costuraram a união de todos desembocaram na convocação e realização do 1º Congresso Espírita do Rio Grande do Sul, que se daria na sede da Sociedade Espírita Allan Kardec (então localizada na General Vitorino nº 22) entre 15 e 17 de fevereiro de 1921. Mas antes disso, a fundação da nova entidade foi precedida de ampla discussão do estatuto, o que se deu a partir de outubro de 1920. O trabalho de elaboração e discussão do projeto de estatuto esteve a cargo da comissão organizadora do congresso, sendo presidida pelo Coronel Frederico Augusto Gomes da Silva.
O objeto principal do 1º Congresso – composto pelas sociedades espíritas então existentes no Estado e por pessoas físicas ligadas ao Espiritismo – foi a discussão do estatuto elaborado pela referida comissão, tendo nele sido aprovado, pelo que se tem a data de 17 de fevereiro de 1921 como a data de fundação da Federação Espírita do Estado do Rio Grande do Sul (posteriormente a palavra “Estado” seria suprimida do nome da federativa). Seu primeiro presidente seria o arquiteto Ernani Carlos Falcão Müzzel.
Só quase dois anos depois, em 30 de dezembro de 1922 é que entidade adquiriu personalidade jurídica, com o registro de seus atos sociais.
A FERGS nasceria e se manteria sempre como sociedade civil, espírita, de caráter religioso, filosófico e cientifico, tendo por finalidade a unificação e a orientação doutrinária de suas entidades federadas.
Hoje, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul – FERGS, é apresentada como “uma sociedade civil, espírita, de caráter científico, filosófico, religioso, educacional, cultural e de ação social, sem fins lucrativos, resultante da união de sociedades civis, espíritas, do Estado, em cujo território situa seu âmbito de ação, tendo por finalidade a unificação, orientação, coordenando e dinamizando o Movimento Espírita do Estado integrando o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira – FEB” (www.fergs.org.br).

5. Os primeiros anos. Sede própria:

Os primeiros anos da FERGS foram bastante difíceis no que se refere aos recursos materiais. A Federação funcionava em uma sala da Sociedade Espírita Allan Kardec, à Rua General Vitorino, 146, possuindo apenas uma mesa e um pequeno armário. Os recursos financeiros mal davam para as necessidades mais essenciais. Mas como escrevia o Dr. Pompilio de Almeida Filho, referido por Ney da Silva Pinheiro à pág. 28 da edição 419 da revista “A Reencarnação”, “nossa federação, que arrostava impavidamente a sua pobreza material, impunha-se às suas federadas e ao mundo profano como um padrão de força moral, que não temia cotejo com outras entidades religiosas”.
Na reunião federativa da noite de 20 de agosto de 1924, o então presidente Ildefonso da Silva Dias focalizou a necessidade da FERGS buscar uma sede própria, uma casa pequena que fosse, onde pudesse exercer minimamente suas funções e atividades federativas. Cria-se uma comissão de finanças para concretizar o projeto da sede própria. Nessa comissão para levantamento de fundos, muitos foram os que trabalharam e se dedicaram incansavelmente, merecendo destaque Antonio Teixeira Ellwanger, a quem se deve grande parte do sucesso da empreitada. O sonho, entretanto, somente se concretizará em 1952, quase 28 anos depois.
Antes disso, no início da década de 1940, Francisco Spinelli, ao chegar de Bom Jesus, adquire em Porto Alegre duas casas geminadas na Rua Avaí, uma destinada à residência sua com a família e a outra para abrigar a sede da FERGS, a quem graciosamente a cede.
Em final de maio de 1952 (31 anos após sua fundação), finalmente, a nova sede passa a abrigar a FERGS na Av. Desembargador André da Rocha nº 45/49. A inauguração oficial será somente em 16 de agosto, por falta de mobiliário.
Apesar disso, em momento algum a FERGS teve suas atividades interrompidas em seus 85 anos de atividades.
A sede da FEGS teve concluída a sua construção graças à extrema dedicação do Coronel Engenheiro Felisberto do Amaral Peixoto, o qual na presidência da Comissão Técnica, valendo-se de recursos financeiros próprios a fim de não atrasar a obra, alcançou a sua conclusão. O terreno foi doado pelo Município de Porto Alegre, na gestão do Dr. Clóvis Pestana.
Graças aos esforços desses abnegados homens, a “Casa do Espírita Gaúcho” pôde ser inaugurada, embora apenas em dois andares e sem os outros tantos que o projeto inicial previa, ainda pendentes de construção. Localiza-se em área privilegiada, no centro da capital gaúcha, sendo a “Casa-Máter” de todos os espíritas gaúchos.

6. Os presidentes da FERGS:

Ao longo de sua trajetória até agora, a FERGS teve 21 presidentes, sendo que cinco deles exerceram um segundo mandato não sucessivo.
Ildefonso da Silva Dias é o primeiro dos presidentes a exercer um segundo mandato, sendo o primeiro a ser reeleito para um novo período. O General Roberto Michelena é o presidente que mais tempo ocupará a presidência em períodos sucessivos: oito anos consecutivos, entre 1941 e 1947. Mas quem mais tempo exerceu a presidência da FERGS, somados dois períodos distintos será Jason de Camargo, num total de 10 anos à frente da federativa (1992/1997 e 2001/2005). Já a primeira (e, por enquanto, única) mulher a exercer a presidência será Gládis Pedersen de Oliveira (a partir de 2006).
Eis os presidentes que dirigiram a FERGS:
(1) 1921/1922: Ernani Carlos Falcão Müzzel, arquiteto;
(2) 1923: Ildefonso da Silva Dias, engenheiro civil;
(3) 1924/1925: Ismael Correa da Silva, contador;
(4) 1926: Angel Aguarod, professor;
(5) 1927: Mário Matos Santos, cartógrafo;
(6) 1928/1929, Adalberto Pio Souto, advogado;
(7) 1930: Leonel Oliveira, funcionário público;
(8) 1931/1932: Paulo Hecker, advogado e farmacêutico;
(9) 1933/1936: Ildefonso da Silva Dias, engenheiro civil (segundo mandato);
(10) 1937/1940: Felix de Abreu e Silva, engenheiro civil
(11) 1941/1947: General Roberto Pedro Michelena
(12) 1948/1951: Coronel Hélio de Castro;
(13) 1952/1955: Francisco Spinelli, advogado (falecido no exercício da presidência);
(14) 1955/1959: Coronel Hélio de Castro (segundo mandato);
(15) 1960/1961: Coronel Paulo Fernandes de Freitas;
(16) 1962/1963: Ney da Silva Pinheiro, economista;
(17) 1964/1965: Coronel Paulo Fernandes de Freitas (segundo mandato);
(18) 1966/1971: José Simões de Mattos, representante comercial;
(19) 1972/1977: Hélio Burmeister,engenheiro agrônomo;
(20) 1978/1983: Maurice Herbert Jones, funcionário público;
(21) 1984/1987: Salomão Jacob Benchaya, economista;
(22) 1988/1991: Hélio Burmeister, engenheiro agrônomo (segundo mandato);
(23) 1992/1997: Jason de Camargo, químico e físico;
(24) 1998/2001: Nilton Stamm de Andrade, bancário aposentado;
(25) 2002/2005: Jason de Camargo (segundo mandato);
(26) 2006/(…): Gládis Pedersen de Oliveira, pedagoga.
Dados biográficos e principais realizações dos presidentes serão objeto de trabalho à parte nesta mesma publicação, ao qual encaminhamos o amigo leitor.
Em que pese a importância capital de todos os presidentes, queremos aqui destacar apenas os nomes de Francisco Spinelli, Angel Aguarod e de José Simões de Mattos, homens cujas histórias se confundem com a história da própria FERGS, os quais também serão objeto de trabalhos em separado nesta edição especial.
Angel Aguarod foi a pedra fundamental para o nascimento da entidade e para a nascente Unificação (já no plano espiritual será o impulsionador do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita); Spinelli foi o grande empreendedor (inaugurou a nova sede e a livraria, além de ser o pioneiro em diversas campanhas, alcançando importância nacional, perante a FEB); e Mattos foi grande entusiasta da família, em especial no que tange à evangelização da infância e da juventude, as caravanas do Evangelho aos lares, evangelho no lar, dentre outras bandeiras que ergueu em nome da FERGS.
A todos os presidentes e a todos que na obscuridade dos bastidores e do trabalho abnegado ergueram o monumento que é hoje a instituição máter do Espiritismo gaúcho, nosso sincero obrigado.

7. Natanael, o Guia Espiritual da FERGS:

Ainda que de passagem, é interessante anotar outro dado relevante para todos nós: certa vez o médium Francisco Cândido Xavier revelou o nome do guia espiritual da Federação Espírita do Rio Grande do Sul. Trata-se de Natanael, aquele de quem, conforme passagem bíblica, Jesus disse a ele se referindo: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo” (João, 1,47).
Permitimo-nos uma pequena explicação biográfica sobre esse apóstolo. Natanael é um dos doze apóstolos de Jesus, embora quase todos o conheçam como Bartolomeu, como era chamado por todos. Entretanto, Jesus a ele se dirige o chamando de Natanael (João, 1,45).
Buscando explicação para essa duplicidade de nomes, acreditam os estudiosos que Bartolomeu talvez fosse o sobrenome de Natanael, já que “bar” em aramaico significa “filho” (daí, Bartolomeu significar “filho de Talmai”). Muito pouco se sabe sobre Natanael (ou Bartolomeu), já que a Bíblia não traz outras referências a seu respeito, a não ser o arrolar entre os apóstolos de Jesus. Diz a tradição que teria vivido como missionário na Índia, tendo sido crucificado de cabeça para baixo.

8. Um campo de grandes realizações.

A FERGS escreveu (e prossegue escrevendo) sua trajetória com letras de luz. Trabalho incomensurável em prol da Doutrina Espírita, da Unificação e de todos os aqueles que sofrem.
Nessa imensa Seara mourejaram nomes que se imortalizaram por seu amor incondicional às verdades espíritas e a todos os seres humanos, além de criaturas outras cujo nome a memória física apagou, mas que sob o manto do anonimato foram também atores de tão bela epopéia de trabalho e amor.
A evangelização espírita da infância e da juventude e o estudo sistematizado da doutrina espírita foram campanhas que nasceram no seio da FERGS, para depois se espargirem pelo Brasil todo, após terem sido encampadas pela FEB.
O Departamento de Assuntos da Família, nascido no coração da evangelização, foi e é um dos mais atuantes do Brasil. Entre nós se implantaram as caravanas do evangelho aos lares, trazidas por Jose Simões de Mattos do exemplo de Chico Xavier em Uberaba. O Evangelho no Lar, por sua vez, em campanha permanente, iluminou muitos lares que descobriram o Consolador.
Na gestão de Jason de Camargo, eis que surge a inovadora campanha “Educação dos Sentimentos”, lançada através da Revista A Reencarnação e que rendeu um livro maravilhoso de título homônimo, além de outros inúmeros eventos, mobilizando o Estado inteiro, a todos convidando à reforma íntima para a felicidade. O próprio Jason assumiu pessoalmente a direção dessa tarefa, trabalhando incansavelmente pela sua expansão e sucesso. Não podemos aqui esquecer de um dos maiores pilares dessa campanha pela reforma íntima: o ex-presidente Nilton Stamm de Andrade, com sua palavra incisiva mas sábia, tocando a todos os corações.
O Projeto Conte Mais surge como outro marco do Movimento Espírita, em especial no que tange à Evangelização das novas gerações. Capitaneado em grande parte pela atual presidente Gladis Pedersen de Oliveira, o projeto – composto de diversos trabalhadores – coletou diversas histórias de cunho moral, usadas em especial nas aulas de Evangelização e as reuniu em livros divididos por faixa etária. O projeto alcançou tamanho êxito que os livros passaram a ser adotados pela rede pública de ensino e pelas escolas leigas, com recomendação da própria secretaria estadual de educação.
Aliás, aqui merece referência também a Editora Francisco Spinelli, que já editou os livros da Coleção Conte Mais, editora essa que é um sonho concretizado do ex-presidente que lhe dá o nome.
A Livraria Espírita Francisco Spinelli também completou recentemente seu cinqüentenário, sendo outra obra de Spinelli. Cumpre referir que a difusão pelo livro é outra marca da FERGS, estando sua livraria presente em todas as mais de 50 edições da famosa feira do livro de Porto Alegre, a maior de todas em céu aberto da América Latina.
A divulgação espírita foi outro grande ponto de excelência da federativa gaúcha. Além do primado da revista A Reencarnação, publicada há 72 anos ininterruptos, do Jornal Diálogo Espírita, o Espiritismo seria levado às ruas através de diversos programas radiofônicos, jornais leigos e espíritas e até mesmo da televisão.
No que tange à Unificação, a FERGS teve papel fundamental e decisivo para a celebração do famoso Pacto Áureo na FEB, em 1949, em especial pelas mãos amorosas de Francisco Spinelli e do Gen. Pedro Michelena.
E a FERGS prossegue sempre. Em cada viagem, em cada reunião regional, na chuva, no frio, lá estará a FERGS levando o Espiritismo, a qualificação dos trabalhadores espíritas, a mensagem evangélica e de Unificação. A tarefa é imensa e não se faz esperar.
Os próximos 85 anos certamente nos reservam muitas conquistas, mas também muitas lutas. Mas a FERGS estará conosco, assim como nós estaremos com a FERGS, pois a FERGS somos todos nós.


Pesquisa bibliográfica:

  1. Revista “A Reencarnação” nº 419, p. 26/39, artigo “Síntese do Processo Histórico do Espiritismo no Rio Grande do Sul”, de Ney da Silva Pinheiro.
  2. Revista “A Reencarnação” – edição comemorativa do cinqüentenário da FERGS, dezembro de 1971.
  3. Exemplares diversos da coleção de “A Reencarnação”, edição FERGS.

— Matéria veiculada na revista Reencarnação de Fevereiro de 2008.

João Alessandro Muller é Procurador do Estado, Diretor da Fergs e Presidente da AJERS – Associação Jurídico-Espirita do RGS.
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