Vivemos num mundo de provas e expiações, onde existe muita violência, egoísmo, corrupção, guerras, entre outros problemas. Dentro deste contexto esperamos um mundo melhor que virá, com certeza. Mas este mundo tão aguardado depende, e muito, de nós mesmos. Por vezes depositamos no próximo, as nossas esperanças ao invés de procurarmos fazer a nossa parte.
Dentro deste sistema, a família é, com certeza, uma peça fundamental para um mundo melhor. Ruy Barbosa, enquanto paraninfo de alunos do Colégio Anchieta, em 1903 disse o seguinte durante seu discurso: a família, divinamente constituída, tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício. É uma harmonia instintiva de vontades, uma desestudada permuta de abnegações, um tecido vivente de almas entrelaçadas. Multiplicai a célula, e tendes o organismo. Multiplicai a família, e tereis a pátria. Sempre o mesmo plasma, a mesma substância nervosa, a mesma circulação sangüínea. Os homens não inventaram, antes adulteraram a fraternidade, de que o Cristo lhes dera a fórmula sublime, ensinando-os a se amarem uns aos outros: Diliges proximum tuum sicut te ipsum. (Amarás teu próximo como a ti mesmo).
A família faz parte de um conjunto, e estando ela corrompida, com certeza esse conjunto também estará. A sociedade, a pátria e todo o planeta será afetado, do mesmo modo que uma laranja podre em um cesto pode contaminar todas as outras.
Nenhum povo poderá ser admitido como civilizado se não se basear no culto permanente de valores morais e de justiça para com todos. E a correção desses valores deve começar já na infância.
Desde cedo é possível notar nas crianças os instintos bons ou mal que elas trazem de existências anteriores. Os pais devem estar atentos.
Santo Agostinho nos alerta quando diz que todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas.
Quando reencarnamos numa família, na maioria das vezes, ou somos espíritos simpáticos uns aos outros ou estranhos, afastados por alguma antipatia anterior. E é neste lar, neste mundo que teremos que conviver como família, convivendo com nossas diferenças, onde os mais adiantados moralmente auxiliam os que não enxergaram ainda a lei de Deus.
Não podemos ser omissos dentro do nosso próprio lar e esperar por um mundo melhor lá fora. Todos somos peças de uma grande engrenagem.
Cabe a nós, no âmbito familiar, formar o futuro de nosso planeta. Cabe a nós plantar a semente do amor na alma de cada um que convive conosco, para que um dia essa semente cresça e venha a dar bons frutos. Cultuemos, assim como disse Ruy Barbosa, a honra, disciplina, fidelidade, enfim as leis divinas dentro de nosso lar.
Eduquemos nossos filhos, assim como orientou Santo Agostinho, corrigindo-os desde pequenos, o quanto antes, para que cresçam e se tornem homens retos no caráter e na moral e que possam distinguir o certo do errado. Não podemos nos tornar pais omissos e delegar a nobre missão de conduzir estas almas, recém-chegadas, ao caminho do bem. Não podemos delegar esta tarefa a ninguém.
Deus não dá uma prova maior do que nossas forças podem suportar.
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Gianni Salvini - articulista espírita e colaborador da União Espírita Bageense.
E-mail: sgtsalvini@hotmail.com
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